quinta-feira, 26 de março de 2015

Juro bancário de pessoa física avança em fevereiro e bate recorde

Os juros bancários cobrados pelos bancos nas operações com pessoas físicas, excluindo o crédito imobiliário e rural, continuaram subindo em fevereiro, segundo informações divulgadas pelo Banco Central nesta quarta-feira (25).
A taxa média de juros cobrada pelos bancos nestas operações, de acordo com o BC, registrou aumento de 2,3 pontos percentuais no mês passado, para 54,3% ao ano, contra 52% ao ano em janeiro (número revisado).
Trata-se do maior patamar desde o início da série histórica, em março de 2011, ou seja, em quase quatro anos. Até então, a maior taxa de juros já registrada para pessoas físicas nas operações com recursos livres havia sido registrada janeiro deste ano.
No mês passado, a autoridade monetária alterou a metodologia do cálculo dos juros bancários. De acordo com a instituição, a mudança insere-se no processo permanente de aprimoramento das estatísticas.
Juro bancário subiu mais que taxa básica
O aumento dos juros bancários acompanha a alta da taxa básica da economia, fixada pelo Banco Central a cada 45 dias para tentar conter as pressões inflacionárias. Desde outubro do ano passado o BC vem subindo os juros ininterruptamente. Naquele momento, a taxa estava em 11% ao ano. Em janeiro, já havia avançado para 12,25% ao ano, um aumento de 1,25 ponto percentual.
Os números mostram que os bancos elevaram suas taxas de juros ao consumidor de maneira mais intensa. Em setembro do ano passado, antes do reinício do ciclo de elevação dos juros básicos pela autoridade monetária, os juros bancários para pessoas físicas estava em 49,2% ao ano, avançando para 54,3% ao ano em fevereiro. Um aumento de cinco pontos percentuais, ou seja, quatro vezes a alta da taxa Selic.
Segundo um levantamento feito pela consultoria Economatica para a BBC Brasil, apesar da desaceleração econômica, a rentabilidade sobre patrimônio dos grandes bancos de capital aberto no Brasil foi de 18,23% em 2014 – mais que o dobro da rentabilidade dos bancos americanos (7,68%).
Taxa de todas operações e de empresas
Já a taxa de juros média de crédito de todas operações (pessoas físicas e empresas), ainda com recursos livres, ou seja, sem contar crédito habitacional, rural e do BNDES, subiu de 39,1% ao ano em janeiro para 40,6% ao ano em fevereiro deste ano – também o maior patamar da série histórica, que tem início em março de 2011.
A taxa das operações de pessoas jurídicas, com recursos livres, avançou 0,9 ponto percentual em fevereiro, para 26,1% ao ano. Em janeiro, estava em 25,2% ao ano. O nível de fevereiro é o mais alta desde setembro de 2011, quando somou 26,5% ao ano.
Inadimplência de pessoa física
Segundo o Banco Central, a taxa de inadimplência das pessoas físicas, nos empréstimos bancários com recursos livres (sem contar crédito rural e habitacional), que mede atrasos nos pagamentos acima de 90 dias, subiu de 5,3% em janeiro para 5,4% em fevereiro. É o maior patamar desde novembro do ano passado, quando estava em 5,5%.
Já a taxa de inadimplência das operações dos bancos com as empresas, ainda no segmento com recursos livres, ficou estável em 3,5% em fevereiro. Trata-se do maior patamar desde outubro do ano passado (3,6%).
Considerando a taxa total de inadimplência, que engloba operações com as pessoas físicas e empresas, ainda nas operações com recursos livres, houve estabilidade em 4,4% de janeiro para fevereiro. É o maior patamar desde novembro do ano passado (4,5%).
'Spread' bancário sobe no ano
O aumento das taxas de juros bancárias de pessoa física no início deste ano contribuiu para elevar o chamado "spread bancário" – que é a diferença entre o que os bancos pagam pelos recursos e quanto cobram de seus clientes.
Em fevereiro, "spread" nas operações com pessoas físicas avançou para 41,7 pontos percentuais – o maior patamar da série histórica, iniciada em março de 2011. No bimestre, o aumento foi de 4,4 pontos percentuais.
O "spread" é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios (que são mantidos no Banco Central) e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros.
Em um cenário de inadimplência e tributação praticamente estáveis, o aumento do "spread" indica que os bancos estão lucrando mais com as operações de crédito.

Fonte: G1

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