A Agência Nacional de Águas (ANA), responsável pela regulação e
gestão das águas do Brasil, considera o país capaz de suprir suas
demandas por água.
Baseada em dados da Agência Internacional de Energia, segundo os
quais um aumento nominal de 5% do transporte rodoviário do mundo até
2030 poderá aumentar em até 20% a demanda por recursos hídricos
atualmente usados na agricultura, devido ao uso de biocombustíveis, a
Organização das Nações Unidas (ONU) definiu o tema Água e Energia para
comemorar, sábado (22), o Dia Mundial da Água.
“A ANA tem vocação para contemplar as atividades que precisam de
água, como a produção agrícola. Mais específica, a cana-de-açúcar é
tradicionalmente irrigada no país e é uma cultura que tem vocação para a
energia”, diz o especialista em recursos hídricos da agência, Marco
Neves, explicando que as questões regionais devem ser levadas em conta e
que a instituição busca construir uma rede que não ponha em risco a
segurança hídrica dos brasileiros.
A disponibilidade de água no país não é homogênea. Segundo a
ANA, o Brasil tem 13% da água doce superficial disponível no planeta e
cerca de 80% estão concentradas na região amazônica. “Determinamos a
vazão máxima de água que pode ser usada por um certo período. Não é
possível pensar em uma ampla área irrigada, de arroz inundado, por
exemplo, no Semiárido do Nordeste, onde a disponibilidade hídrica é
muito baixa”, explica Neves, dizendo que o abastecimento humano é a
prioridade da ANA. “É a demanda mais nobre, que precede todas as outras
questões.”
Para Neves, a questão energética é muito importante para a
humanidade, inclusive para o aquecimento em alguns países. “E a água
está muito relacionada com a produção de energia, de uma forma explicita
na geração hidrelétrica, nas próprias termelétricas, que precisam de
água para o resfriamento ou, nos agroenergéticos, culturas que têm
vocação para produção de energia. O próprio bombeamento de água para
atender ao sistema de saneamento precisa de energia.”
Dados da ONU indicam que cerca de 8% da energia gerada no
planeta são usados para bombear, tratar e levar água para o consumo
humano e 75% de todo o consumo industrial de água direcionam-se à
produção de energia elétrica. No Brasil, o grande destaque na matriz
energética fica a cargo da geração hidrelétrica, que representa 70% de
toda capacidade instalada, informa a ANA.
Para o coordenador do Programa Água para a Vida da organização
não governamental (ONG) WWF-Brasil, Glauco Kimura de Freitas, o Brasil
já deveria ter começado um programa de diversificação da produção para a
segurança energética do país. “O Brasil tem uma rica rede de drenagem
de rios e uma aptidão natural para o sistema hidrelétrico, porém, temos
visto como o desmatamento, a urbanização e as mudanças climáticas têm
tornado vulnerável nossa matriz energética”, disse ele.
Kimura ainda explica que a capacidade de geração hidrelétrica
está quase esgotada em alguns estados e que a região amazônica seria,
portanto, a área de expansão. “Isso tem gerado sérios desgastes
ambientais, como vemos em Belo Monte e no Rio Madeira”, ressalta o
especialista, explicando que a opção pela energia nuclear gera outros
riscos, muito mais sérios, como ocorreu no Japão. No caso das
termelétricas, Kimura lembra que usam combustíveis fósseis e poluem
muito mais.
Para ele, as fontes de energia não convencionais, como a solar, a
eólica e a maremotriz, são uma boa opção. “Não estou dizendo que sejam a
solução, mas que podemos diversificar a matriz, explorando as
diversidades regionais. Em tempo de crise, os economistas podem
confirmar: não se coloca dinheiro em uma aplicação só. A mesma coisa
acontece com o meio ambiente, só precisa de força de vontade.”
Segundo a ONU, desde 1990, mais de 2 bilhões de pessoas
ganharam acesso à água potável, mas ainda há, atualmente, 768 milhões de
pessoas sem acesso à água tratada, 2,5 bilhões não melhoraram suas
condições sanitárias e 1,3 bilhão não têm acesso à eletricidade.
Fonte: Agência Brasil
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