As empresas de transmissão de energia cobram do governo uma conta de
R$ 10 bilhões a R$ 15 bilhões que, até o momento, não consta no
calendário de pagamento das dívidas do setor elétrico.
Esse valor refere-se à indenização, pendente, de investimentos
feitos antes de 2000 pelas empresas que anteciparam a renovação de seus
contratos de concessão.
O número está fora de todas as previsões anunciadas pelo
governo até agora e faz pesar ainda mais a conta do setor de energia
elétrica.
Caso o pagamento seja feito neste ano, como esperam as
empresas, o governo poderá ter de recorrer ao Tesouro Nacional mais uma
vez.
A indenização é devida porque o governo decidiu antecipar a
renovação dos contratos do setor elétrico -que venceriam entre 2015 e
2017- para baixar o preço da energia desde o início de 2013.
Inicialmente, o governo se comprometeu a bancar indenizações apenas de investimentos realizados pelas transmissoras após 2000.
Ao perceber a insatisfação do setor, o governo publicou um novo
decreto em que garantiu indenizar também os investimentos mais antigos
feitos por essas empresas.
Embora tenha conquistado aprovação maciça delas ao plano, o
governo nunca chegou a divulgar quanto pagaria a cada uma. Inicialmente,
o governo estimou esses gastos em R$ 10 bilhões. Os números exatos
ficaram de ser levantados pela Aneel (Agência Nacional de Energia
Elétrica), mas a agência definiu apenas quais serão os critérios usados
para chegar à indenização.
A Abrate (Associação Brasileira das Grandes Empresas de
Transmissão de Energia Elétrica), por sua vez, estima que as nove
transmissoras envolvidas no processo, juntas, teriam de receber cerca de
R$ 15 bilhões.
"Só a Eletrobras calcula que deva receber cerca de R$ 8
bilhões", afirma José Cláudio Cardoso, presidente da associação. As
companhias esperam uma definição do governo e o início do pagamento
ainda neste ano.
Para Cardoso, a solução desse impasse, que se arrasta desde
2012, é fundamental para que as empresas tenham saúde financeira e
mantenham seus ativos em bom estado.
SEM INVESTIMENTOS
"As empresas são afetadas [pela demora do governo]. Com caixa
menor, é praticamente inviável fazer novos investimentos ou participar
de leilões de transmissão", afirmou o presidente da Abrate.
"Nós temos a obrigação de operar e manter os ativos, mas
precisamos ter capital. É constante a necessidade de reforço e melhoria
do sistema. Sem essas respostas, só é possível fazer o mínimo necessário
para manter o funcionamento", completou.
Procurado, o Ministério de Minas e Energia informou que,
"enquanto não for concluída a normatização sobre essas indenizações, não
será possível falar nesses pagamentos". A diretoria da Aneel ainda não
concluiu os estudos necessários.
As indenizações para empresas que anteciparam seus contratos de
concessão começaram a ser pagas no ano passado a transmissoras e
geradoras -mas não incluíram os investimentos anteriores a 2000. Essas
empresas receberam cerca de R$ 13 bilhões, de um total de R$ 20 bilhões
devidos.
O orçamento do governo para o setor elétrico neste ano inclui R$ 3 bilhões para indenizações (veja quadro).
De acordo com o Ministério de Minas e Energia, o valor cobrirá
parte das parcelas ainda pendentes a essas empresas dos investimentos
posteriores a 2000, já que algumas delas optaram pelo parcelamento do
dinheiro.
Fonte: folha
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